sábado, 27 de setembro de 2014

Polícia de Chicago:

Polícia de Chicago: iPhones serão os aparelhos dos pedófilos.

Diversos departamentos de polícia americanos estão preocupados com a impossibilidade de quebra da criptografia de iPhones rodando o iOS 8. A polícia de Chicago, por exemplo, está preocupada que o iPhone será a principal escolha de pedófilos.
Na opinião do detetive policial Brian Collins, que trabalha no departamento de Los Angeles há quase 27 anos, é preocupante que a tecnologia esteja "regredindo" nesse quesito. Devemos aqui nos atentar ao uso da palavra "regredindo", ou "beginning to go backwards", como ele originalmente se expressou.
O FBI também já expressou suas preocupações. James Comey, diretor do FBI, explicou que essas novas formas de lidar com os dados estão sendo usadas para negarem informações ao departamento, o que faz as pessoas se acharem "acima da lei".
O diretor explica ainda que entende a necessidade de um certo padrão de segurança em dispositivos móveis, mas pode ser necessário em alguns caso que o governo acesse o que há armazenado nos aparelhos, o que dessa forma fica impossibilitado.
Essas preocupações vêm após um anunciamento da Apple que a partir do iOS 8, as chaves para quebrar a criptografia não ficam mais armazenadas no próprio dispositivo. O processo de quebra de segurança fica então tecnicamente impossível, mesmo com mandados do governos.
Pouco tempo depois, outras empresas também anunciaram mudanças na segurança de seus sistemas, como a Google que afirmou a criptografia ativada por padrão a partir da próxima versão do Android.
Essa é uma questão muito delicada e cada um tem sua opinião própria. Porém, será que os erros de alguns justificam uma menor privacidade à todos? É fácil usar argumentos extremistas e apelar para pedófilos quando se quer afetar a opinião pública. Acabar com o problema sem afetar o direito de inocentes não.
 
"A Apple será o celular favorito dos pedófilos", afirmou John J. Escalante, chefe de detetives do departamento de polícia de Chicago. "O pedófilo comum provavelmente está pensando agora: eu preciso de um celular da Apple!".
Você aceitaria ser erroneamente julgado e encarcerado sob a justificativa de que na forma como o sistema é construído, para cada um injustiçado, dezenas de culpados são sentenciados? Bom, sei que eu não aceitaria.
O exemplo pode parecer fora de proporção, mas o principio é o mesmo: direitos de inocentes quebrados em prol de algo que supostamente ajudaria à capturar pessoas mal intencionadas.
Além disso, outra questão muito importante surge: se permitimos isso, qual o limite? Se a quebra sistemática de privacidade se torna algo comum, o que vem em seguida?
O trabalho das autoridades é encontrar e julgar os culpados. O trabalho das empresas (Apple, Google, Microsoft e afins) é oferecer o melhor aos usuários. Simples assim. Enquanto as duas podem trabalhar juntas quando necessário, isso não pode nunca significar limitações.

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